Este texto foi extraído da Dissertação de Mestrado de Carla Furtado. Seu uso na íntegra ou em parte, sem o devido crédito, constitui plágio. Para citação: Furtado, C. A. (2019).
A Felicidade Interna Bruta (FIB) ganhou destaque mundial em 2012, após reunião do alto comissariado da ONU, na qual o FIB foi apontado como novo paradigma de desenvolvimento socioeconômico. Para preparação de sólido arcabouço teórico, por iniciativa do Butão e com o apoio da ONU, foram convocados 28 cientistas de diferentes áreas e nacionalidades. Nomes como Alejandro Adler, Ed Diener, Ilona Boniwell, Martin Seligman e Sabina Alkire trabalharam no compêndio intitulado Happiness: Transforming the Development Landscape.
O termo Felicidade Interna Bruta foi cunhado pelo quarto rei do Butão, Jigme Singye Wangchuck, tendo sido mencionado pela primeira vez em 1979, durante entrevista do então monarca durante visita à Índia. Questionado sobre o Produto Interno Bruto de seu país, ele apontou que no Butão o FIB era mais importante que o PIB. A partir daí, o país passou a orientar suas políticas e planos de desenvolvimento com foco no FIB. Mais tarde, o rei instituiu na nova Constituição o artigo 9, no qual o Estado deveria promover todas as condições para o alcance da Felicidade Interna Bruta.
O FIB engloba filosofia, modelo de gestão e índice. Como filosofia está apoiado em valores tangíveis e intangíveis, não se opondo ao PIB, mas à ideia de que a busca pela prosperidade seja o objetivo único do Estado. Defende que o desenvolvimento sustentável deve adotar uma abordagem holística em relação às noções de progresso e dar igual importância aos aspectos não econômicos, como o bem-estar da população e a preservação do meio ambiente. Enquanto modelo de gestão, o FIB está alicerçado em quatro diretrizes: desenvolvimento econômico sustentável, preservação do meio ambiente, promoção e preservação da cultura e boa governança.
Como índice, o FIB mensura as condições da população para a felicidade e não a felicidade em si. De natureza multidimensional, difere das escalas de bem-estar subjetivo concebidas no ocidente e não está focado na felicidade individual apenas, por considerar que a busca pela felicidade é coletiva. Avalia nove domínios: Bem-Estar Emocional, Saúde, Uso do Tempo, Vitalidade Comunitária, Educação, Cultura, Resiliência Ecológica, Boa Governança e Padrão de Vida.
O índice FIB é elaborado a partir de pesquisa nacional por amostragem, realizada a cada 5 anos. Funciona como ponto de partida para a realização do Plano de Governo para os 5 anos subsequentes, cabendo às lideranças estabelecer políticas públicas e ações que incrementem os domínios vulneráveis, com o objetivo de elevar o índice.